quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

45. # Another complicated suicide.


''Veronika procurara os comprimidos durante quase seis meses.  Achando que nunca iria consegui-los, chegara a considerar a possibilidade de cortar os pulsos.
Mesmo sabendo que ia acabar por encher o quarto de sangue, um suicídio exige que as pessoas pensem
primeiro em si mesmas, e depois nos outros
.
 Estava disposta a fazer todo o possível para que a sua morte não causa-se muito transtorno, mas se
cortar os pulsos fos-se a única possibilidade, então não havia outra hipótese
.
 Afinal de contas mesmo no final do século xx, as pessoas ainda acreditavam em fantasmas.
É claro que ela também podia atirar-se de um dos poucos prédios altos de Lubljana, mas e o
sofrimento extra que tal atitude acabaria por causar aos seus pais? Além do choque de descobrir que a filha morrera, ainda seriam obrigados a identificar um corpo desfigurado: não, esta era uma solução pior do que sangrar até morrer, pois deixaria marcas indeléveis em duas pessoas que só queriam o seu bem.
Com a morte da filha eles acabarão por se acostumar. Mas um crânio esmagado deve ser impossível de esquecer. 
Tiros, quedas de prédio, enforcamento, nada disso combinava com sua natureza feminina.  As mulheres, quando se matam, escolhem meios muito mais românticos - como cortar os pulsos, ou tomar uma dose  excessiva de comprimidos para dormir.
As princesas abandonadas e as atrizes de Hollywood deram diversos exemplos a este respeito. Veronika sabia que a vida era uma questão de esperar sempre a hora certa para agir. ''

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